Capítulo 1
“Sabe aquelas paredes que eu construi?
elas desmoronaram”
-aqui
estão seus exames senhor Roncato!- diz o médico sentado a minha frente,
ele me empurra um envelope lacrado sobre a mesa. Eu pego e abro com as
mãos tremulas. Sinto um aperto no peito ao ver o resultado
- o que deu Fernando?- pergunta Miguel, meu segurança e amigo.
- positivo- sussurro recolocando o papel no envelope, Paul me abraça de lado
-não precisa ficar nervoso senhor Roncato - diz o médico- podemos resolver isso com uma cirurgia e um tratamento intenso
Uma centelha de esperança se acende em meu peito
- vou correr algum risco?
- bom, todas as cirurgias são arriscadas- diz o médico mexendo as mãos nervosamente – e no seu caso o risco é maior
- você quer dizer que posso passar o resto da minha vida vegetando em uma cama?- falo curto e grosso
- bom, é uma possibilidade- diz o médico e sinto a centelha de esperança se apagar
- e se eu não quiser fazer a cirurgia?
-
veja bem senhor Roncato, primeiro eu lhe passarei alguns remédios
depois nós iremos começar com a quimioterapia e só então faríamos a
cirurgia, mas se o senhor não quiser fazer o tratamento receio que só
tenha dois meses de vida, aproximadamente.
Ele fala gentilmente, mas suas palavras me atingem como pedradas.
Dois meses. Antes eu tinha uma vida inteira pela frente, mas agora tudo o que me resta são dois meses.
Levanto
da cadeira e saio correndo da sala ignorando os chamados de Migueç e do
médico. Não consigo pegar o elevador então saio correndo pelas escadas.
Chego à recepção do hospital e passo chispando pelas portas de entrada
saio correndo ate meu carro e entro antes que alguém possa me impedir
-Fernando!- ouço Miguel me chamar, mas não dou atenção, manobro o carro e saio rua afora. Lagrimas amargas molham meu rosto.
Tudo
começou há duas semanas, eu vinha tendo fortes dores de cabeça e
tonturas, os meninos ficaram preocupados o que é estranho já que
normalmente eu sou o “pai” deles. Então Miguel me trouxe ao hospital e
depois de alguns exames o médico me contou as suas suspeitas, mas disse
que só poderia confirmar depois de um exame específico.
E agora foi confirmado, estou com um tumor no cérebro e só tenho dois meses de vida. Como vou contar aos outros? Suspiro.
Passo vários semáforos fechados, mas e daí se eu receber multas?
Eu vou morrer!
Todos os meus planos. Todos os meus sonhos. De uma vida inteira, são arrancados de mim em minutos!
Tudo acabou!
Continua...
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