Capítulo 18
Morar com Fernando passara a ser uma tarefa difícil. Por uma razão
lógica, não nos expúnhamos em frente ao seu pai, apesar de termos a
absoluta certeza de que ele sabia de alguma coisa. Então passamos a dar
alguns beijos escondidos nos momentos em que tio Lewis não estava em
casa, ou saia para pescar ou qualquer outra coisa relacionada.
Beijávamos-nos quando ele não estava olhando, e disfarçávamos
rapidamente quando chegávamos a um fio de sermos pegos. Estava um tanto
quanto divertido... Toda aquela aventura... E convenhamos que tudo que é
escondido e/ou perigoso é muito mais excitante.
Já havia se passado
uma semana desde o ocorrido no farol e nada parecia ter mudado. Toda a
paixão continuava, e cada vez mais intensa.
Pegava-me de minuto a
minuto a pensar em Fernando. Na escola não conseguia me concentrar, pois
contava as horas para vê-lo. Até Mel já havia encrencado comigo,
dizendo que não agüentava mais escutar o nome de Roncato. E eu não me
cansava de pronunciá-lo.
Naquele dia, nós havíamos combinado de ir
ao autocine naquela noite, o qual passaria o suspense Um Corpo que Cai,
estrelando James Stewart e Kim Novak, dirigido por Alfred Hitchcock, o
gênio do suspense.
Fernando me buscaria na escola e de lá iríamos para a praça Bergan, onde aconteceria o cinema ao ar livre.
“Até
mais, Melzinha” me despedi de minha amiga assim que o sino da escola
tocou, liberando-nos para irmos embora. Eu não via a hora de encontrar
Fernando... Sai correndo pelos jardins da Ladywood com os cadernos em
mãos, ultrapassando e esbarrando qualquer garota que se pusesse em meu
caminho sem ao menos me desculpar.
“FERNANDO!” gritei assim que o vi
de braços cruzados e escorado sobre seu carro charmosamente velho. Num
impulso joguei os cadernos no chão e pulei em seu colo, chamando a
atenção de meio mundo que passava ali. Atraindo inclusive os olhares
repressores dos pais das puras garotas.
Dei milhares de selinhos no
garoto, vendo sorrir entre eles. Eu estava morrendo de saudades, e nem
parecia que nos vimos de manhã, quando ele me deixou no colégio.
“Vamos?”
ele disse após eu cessar meus beijos. Simplesmente concordei com a
cabeça e pulei de seu colo. Fernando abriu a porta do carona para que eu
entrasse e foi para o lado do motorista em seguida. “Só não vale ficar
com medo durante o filme, hein?” ele me olhou apreensivo antes de dar
partida no carro.
“Eu não tenho medo” rolei os olhos. “E afinal, eu
tenho você pra poder agarrar se acaso ficar, não é mesmo?” encarei-o
sugestiva. O garoto riu.
“Sempre” ele piscou e deu partida no carro, que fez um barulho estrondoso antes de ganhar velocidade.
“Meu
Deus!” falei chocada, assim que descobri que Madeleine estava possuída
pelo espírito de sua avó, Carlotta. A cada minuto do filme, eu ficava
mais e mais tensa. Apesar de Fernando estar ali do meu lado, eu não
conseguia desgrudar os olhos do telão. Havia em torno de quatro fileiras
de carros na nossa frente, então tínhamos uma ótima visão. Senti
Fernando beijar meu pescoço, mas não dei muita atenção, já que estava
vidrada no filme.
“Vamos prestar atenção, Fernando!” sussurrei entre
dentes, um pouco irritada com a falta de interesse do garoto. Então ele
se afastou e – fingiu – passou a prestar atenção na tela em sua frente.
Passados cinco minutos, ele começa a me beijar novamente.
“Mas que fogo, hein?” forjei uma cara brava, fazendo-o rir abafadamente em meu pescoço.
Não tinha como não ceder aos encantos de Roncato, então simplesmente me deixei levar.
A boca do garoto passou a descer pelo meu ombro, e foi ai que me lembrei de estarmos em um lugar público.
“Fernando!
Tem pessoas ao nosso redor! E dezenas delas!” empurrei-o bruscamente.
“Ah, vamos lá, Luinha. Acha mesmo que estão prestando atenção na gente?”
ele fez uma cara de extremo cachorro sem dono. Olhei para os lados e
reparei que todos mantinham seus olhos grudados à tela, como antes eu
mantinha os meus. Corei levemente, vendo que eu não teria outra opção a
não ser me entregar à lábia de Fernando.
Quando o garoto viu que havia vencido, sorriu abertamente e me puxou para perto dele.
“Vem cá, emburradinha” ele fez uma voz fofa e começou a distribuir beijos por toda minha face, me fazendo rir.
Após
a crise, Fernando passou a me observar. Observava-me tão profundamente
que chegava a me deixar tímida. Passou, então, as pontas de seus dedos
sobre minhas maçãs do rosto, fazendo com que meus olhos se fechassem
involuntariamente. Em seguida, pude sentir seus lábios irem de encontro
aos meus, fazendo com que todo o meu ser se revirasse, como se fosse a
primeira vez. Tudo com ele parecia a primeira vez.
Fernando se
debruçou um pouco sobre mim, fazendo com que o espaço sobre nós fosse
mínimo. Nosso beijo foi ganhando intensidade ao longo dos segundos e eu
já sentia minha respiração ficar falha. Uma de minhas mãos puxava-lhe os
cabelos de leve, enquanto a outra se posicionava firme em suas costas
bem definidas.
Fernando voltou sua atenção ao meu pescoço,
beijando-o veemente e me fazendo suspirar inconscientemente. Ele sabia
que ali se concentrava meu ponto fraco e sabia como se aproveitar disso.
Suas mãos não se decidiam entre minha coxa ou minha cintura e isso
estava me deixando aflita. Até que elas, agora em meu cós, começaram a
subir gradativamente e um susto me atingiu.
“Hey!” afastei-o com
força, vendo-o me olhar assustado. Meus olhos estavam arregalados de
horror. Quero dizer, eu jamais havia chegado naquele nível de intimidade
com alguém antes!
“Me... Me desculpe, Luinha” ele disse tão
assustado quanto eu após recuperar seu fôlego. “Eu me precipitei,
desculpa de verdade!” ele parecia desesperado.
Não o encarava,
talvez eu tivesse vergonha... Chame-me de tola se quiser, eu apenas não
estava acostumada com aquele tipo de situação!
“Eu é quem peço
desculpas, Fernando... Por ser tão infantil” desabafei, encarando meus
dedos que brincavam com a barra da minha saia.
“Nunca, Luinha! Você
não é infantil! É só que... Não consegui me controlar” Fernando tocou
meu queixo, de modo que eu o encarasse. “Isso não vai mais acontecer,
tudo bem?” me olhava apreensivo. Sorri sutilmente.
“Eu quero que
aconteça...” falei totalmente corada e sem graça. Ele me olhou surpreso.
“Só que com o tempo... Se é que me entende...”
“Eu te entendo,
linda” falou finalmente, compreensivo, e depositou um beijo minha testa.
“Vamos voltar nossas atenções ao filme, certo?” e eu concordei com a
cabeça. Então pulei para seu banco, de modo que pudéssemos terminar de
assisti-lo bem juntinhos. Encostei minha cabeça em seu peito, o qual se
movia ainda descompassado.
xxxx
“Este seu lago anda muito
ruim de peixe, Lewis” meu pai reclamou, após uma hora estendido abaixo
do sol com uma vara de pescar na mão. Ele e o tio Lewis estavam vestidos
como se fossem para uma expedição em uma floresta tropical. Quando dois
malucos se juntam...
“Você é que não tem a técnica, John” retrucou o
tio, irritando ainda mais meu pai. Ele simplesmente não suportava estar
por baixo das coisas, já que o senhor Roncato havia pescado três
peixes. Fez cara feia e voltou a se concentrar no lago a sua frente.
Eu
estava debaixo de uma das árvores ali, curtindo uma sobra fresca para
ler um livro, já que Fernando estava preparando o almoço. John havia
trago o resto das minhas roupas e me contara as novidades de casa. Marry
continuava pirada e agora descontava suas angustias em Meredith. Pobre
Mere... Eu precisava resgatá-la daquele inferno o quanto antes. Assim
que eu achasse meu apartamento, a levaria para morar comigo.
“O
almoço tá pronto, cambada!” Fernando apareceu na varanda da casa. Tirei
minha atenção do livro pra dedicá-la a ele. Escutei os dois homens
murmurarem algo que não dei importância, e então os segui.
Fernando havia preparado uma macarronada e só pelo cheiro, eu poderia dizer que ela estava deliciosa.
“Hm”
meu pai resmungou. “Fernando está pronto para casar” ele exclamou após a
ultima garfada. Vi Fernando corar e eu ri instantaneamente.
“Só o
deixo casar se for com a Luinha” tio Lewis disse divertido e foi minha
vez de corar bruscamente e Fernando rir. Meu pai, por sua vez,
engasgou-se com a comida, tossindo compulsivamente.
“Não diga bobagens, Lewis. Você me deixa preocupado, com esses dois morando juntos!” ele se mostrou irritado. Puro ciúme.
Se soubesse que Fernando e eu estávamos juntos teria um ataque do coração ali mesmo.
O
almoço correu tranquilamente após esse incidente. Meu pai e tio Lewis
discutiram como sempre, sobre algo sem importância, enquanto Fernando e
eu trocávamos olhares discretos. Seus olhares sempre me faziam tremer as
bases, era incrível. Depois de nos deixar a sós, as crianças começaram
uma guerra de macarrão, lambuzando não só a nos mesmos como a sala
inteira. Meu cabelo escorria molho vermelho, e minha blusa estava toda
manchada. Fernando não estava diferente, tinha até almôndegas em suas
orelhas.
Depois de relativamente nos limparmos, fomos para umas das
arvores ali. Eu ia escutar Fernando tocar alguma coisa. Escutá-lo tocar
tornou-se meu hobbie. Não havia algo que me deixasse mais feliz ou em
paz.
Quando víamos que ninguém nos observava, trocávamos alguns
beijos e carícias divertidas. Era incrível como eu ainda podia sentir
uma tempestade em meu estômago a cada beijo. E incrível como eu não me
cansava de observá-lo tocar, totalmente alheio. Como todos os simples
gestos do garoto me hipnotizavam. E quando ele me olhava nos olhos? Oh,
parecia que tudo poderia desaparecer a qualquer momento.
Melhor
ainda era quando ele percebia meus olhos insistentes sobre cada
movimento seu, suas maçãs do rosto avermelhavam-se e um sorriso tímido
brotava em seus lábios rosados.
Deitei minha cabeça em seu ombro,
sem me importar em como isso podia parecer aos olhos do meu pai ou do
tio Lewis. Eu simplesmente queria que o mundo desaparecesse, de qualquer
maneira.
xxxx
Os feixes de luz insistiam em me irritar.
Apesar de ser apenas uma soneca da tarde, relutei ao máximo para não
abrir meus olhos, mas não adiantava, eu teria que abri-los. Assim que o
fiz, assustei-me a deparar com a figura de um Fernando sentado em uma
cadeira em frente à minha cama, com uma perna apoiada na mesma e
encarando um pedaço de papel. Senti minhas bochechas queimarem e então
cobri meu rosto com o lençol.
Assustei-me ainda mais ao perceber que estava apenas de lingerie.
“Não
se cubra” o escutei dizer num tom divertido. Fechei meus olhos com
força, desejando que tudo aquilo fosse um pesadelo muito embaraçoso. O
que ele estava fazendo ali, afinal?
“O que você está fazendo aqui, Fernando?” me atrevi a perguntar, ainda com o rosto coberto. Fernando soltou um risinho baixo.
“Estou escrevendo” respondeu simplesmente, ainda com um tom divertido na voz. Certo, isso não esclareceu muita coisa.
“Mas por que aqui?” reforcei. Escutei ele colocar o caderno sobre o colo e dar um suspiro. Esperei ansiosa por sua resposta.
“Porque
você me inspira” escutei. Como se fosse uma novidade, meu coração
disparou como se tivesse vida própria. Lentamente, descobri meu rosto,
encarando aqueles olhos que eu tanto conhecia. Analisavam-me
cautelosamente. Eu tinha certeza que ele podia ver mais ali que qualquer
pessoa normal.
“O-o que você está escrevendo?” perguntei, tentando o distrair de mim.
Olhou para seu caderno e voltou para mim em seguida.
“Uma musica” sorriu. E eu, derreti.
“Sobre o-o que?” perguntei curiosa. Ele riu divertido, olhando para o caderno novamente.
“O que mais poderia ser?” me olhou. “Sobre você” deu de ombros e recostou-se na cadeira. “Como sempre.”
Prendi a respiração.
“O
que você quer dizer com como sempre?” eu podia ser realmente lerda
algumas vezes. Ou simplesmente gostava de ouvir as palavras saírem de
sua boca.
“Quero dizer que tudo o que eu sempre escrevo é para você”
Fernando se levantou da cadeira e veio lentamente em minha direção,
enquanto eu o encarava totalmente alheia e abobada. Sentou-se então ao
meu lado.
“Sempre?” reforcei, querendo escutar aquelas palavras novamente. Era como um sonho, ou algo assim.
“Sempre” sorriu singelo, e eu podia dizer que aquele era meu sorriso preferido, entre tantos maravilhosos.
Minha
mão foi em direção ao seu rosto automaticamente e alisaram sua face
perfeita. E então seus olhos se fecharam. E meus lábios foram ansiosos
de encontro aos seus, encaixando-os e sentindo todas aquelas sensações
que eu sabia de cor. A língua de Fernando causava coisas incríveis em
mim, e um desejo insaciável de sempre querer mais e mais. Eu não me
cansava de seu gosto.
Quando já ficávamos ofegantes, separei nossas bocas para que pudéssemos respirar.
“Não
há jeito melhor de acordar...” falei com um sorriso maroto no rosto,
vendo seus olhos abrirem lentamente e um risinho baixo sair de sua boca.
Ficamos em silêncio por alguns instantes, os olhos penetrantes de
Fernando sobre os meus, e suas mãos carinhosas mexiam nos meus cabelos.
“Fernando...”
falei calmamente e o escutei balbuciar algo inaudível. “Você pode ler
meus pensamentos ou algo assim?” ao terminar minha frase, o garoto
soltou uma risada incrivelmente gostosa de ouvir. Ri um tanto sem graça,
vendo o quão idiota foi minha pergunta.
“Eu queria...” ele disse, ainda com um sorriso no rosto e o olhar penetrante. “Por quê?”
“Você me olha tão profundamente que acho que pode lê-los às vezes...” olhei para minhas mãos espalmadas em seu peitoral.
“Eu
gosto dos seus olhos” levantou meu rosto levemente pelo queixo. “Eles
me acalmam...” Fernando sorriu, fazendo-me abrir um também. Eu amava o
jeito como ele me tratava. Eu amava todo aquele jeito carinhoso. Ficava
pensando se ele era assim com todas as meninas que ele já teve, e
convenhamos, não foram poucas. Se sempre fora assim, não é a toa que
sempre teve todas que queria, inclusive eu. Só torcia para que eu não
fosse só mais uma como as outras foram.
Fernando novamente tocou nossos lábios de forma gentil, com as mãos coladas em minha face.
Estava começando achar que minha vida havia se tornado um livro.
xxxx
O
pub do tio Lewis estava lotado. Fazia séculos que eu não dava as caras
lá, e me bateu uma nostalgia enorme assim que pisei meus pés no local.
Havia um palquinho montado mais a frente, onde bandas independentes
sempre tocavam, um balcão com cadeiras e atendentes, e outras mesas no
canto da parede. E óbvio, uma pista de danças e milhares de luzes
cintilantes. Fernando e eu entramos de mãos dadas no local, e vimos
nossos amigos sentados em uma das mesas, bebendo e sendo escandalosos
como sempre.
“O casal!” Arthur gritou, levantando o copo de bebida
pra cima e todos viraram a cabeça para nos encarar. Eu queria correr
obviamente.
“E aí, Aguiar” Fernando deu um tapa na cabeça do amigo,
fazendo todos rirem e darem espaço para que nos sentássemos. Abracei
Melzinha, que estava do meu lado, e logo pedi um destilado para o
primeiro atendente que apareceu.
Os meninos iriam tocar ali hoje,
então o pub estava bastante lotado. O McFLY era bem famoso nas
redondezas de Bolton e ninguém se atrevia a perder um show deles.
Principalmente as garotas, devo frisar. Os garotos tinham muitas fãs,
digamos, fieis. Isso nunca havia me incomodado antes, eu até me sentia
orgulhosa por eles, mas os olhares insinuantes das garotas da mesa do
lado estavam me irritando um pouco. Eu tentava me controlar, mas fiz
questão de encostar minha cabeça em seu ombro e ver se elas, ao menos,
disfarçavam.
Assim que minha primeira bebida chegou, foi impossível
parar. Fernando tomava uma cerveja e beijava minha bochecha ou pescoço
de vez em quando, arrancando-me suspiros. Às vezes nos realizávamos que
estávamos em um lugar publico apenas quando Arthur insistia em nos
lembrar. Ele era um invejoso, isso sim.
Nossas mãos se desgrudaram
apenas quando tio Lewis anunciou que era a vez deles tocarem. Subiram no
palco, aos gritos de várias garotas histéricas, e cada um foi para seu
devido instrumento. Fazia certo tempo que eles não se apresentavam em
publico, e eu senti falta daquela sensação de ser um deles. Acho que
Melzinha e eu ficávamos mais ansiosas que os próprios integrantes.
Minhas mãos suavam, minha barriga gelava e meus olhos brilhavam. Tudo no
mesmo tempo.
Eles ficavam incrivelmente lindos sobre aquele palco, e
eu sempre me sentia incrivelmente orgulhosa. Ver todas aquelas pessoas
gritando por eles, mesmo as groupies, me fazia muito feliz. Uma coisa
que começou por brincadeira se tornava algo cada vez mais sério.
“Boa
noite, pessoal” Chay começou animado, e as pessoas levantaram seus
copos de bebida e gritaram. “Senti saudades de vocês. Bom, vamos começar
com uma que todos vocês conhecem. Surfer Babe!” eu gritei histérica. Eu
adorava aquela musica!
Eu e Melzinha estávamos bem em frente o
palco, recebendo todos os olhares dos nossos garotos e dançando muito.
Meu coração parou quando Fernando tocou Met This Girl e ainda por cima
dedicou à menina mais apaixonante desse pub. Eu me derreti toda, não
posso negar.
O show durou uma hora, com direito a muito Elvis. Os
garotos sabiam – obviamente – da minha louca paixão, e faziam questão de
cantar. Não sei se preferia as musicas nas vozes dos meninos ou no
próprio Elvis.
Fiz questão de dar um beijo longo e intenso no
momento seguinte que Fernando desceu do palco, arrancando não só
suspiros de mim, como de todas as garotas ali. Não queria causar inveja,
mas naquele momento, ele era meu mesmo...
Ele era meu... Isso soava
um pouco estranho. Eu não sabia o que nós éramos para falar a verdade.
Não fazia questão de saber também. Não era daquele tipo de garota
histérica por ter o garoto ajoelhado aos seus pés e a pedindo em namoro.
Eu não precisava daquilo. Estava satisfeita por simplesmente tê-lo ao
meu lado. Enquanto eu tivesse isso, não importava o que nós éramos.
“Eu to suado, Luinha!” ele disse rindo durante o beijo, e eu simplesmente me joguei mais ainda em seus braços.
“E quem disse que eu importo?” dei língua e ele me apertou pela cintura, beijando-me veemente em seguida.
Eu
queria congelar aquele momento. Sinceramente, queria ter esse poder. Eu
nos congelaria ali e ficaria daquela maneira para sempre. Com o suor de
Fernando em meu corpo, aquele cheiro ainda assim entorpecente, suas
mãos me tocando... Era tudo muito surreal. Havia instantes em que eu não
acreditava que tudo aquilo estava acontecendo comigo e puxava Fernando
para um beijo, apenas para constatar que não estava sonhando. Eu não
podia estar sonhando. Seria uma tremenda tortura se um dia eu acordasse e
tudo aquilo desaparece.
Sentamos-nos novamente, e voltamos à
rotina boemia, esperando apenas os garotos descansarem. Claro que
dezenas de pessoas foram até a nossa mesa para cumprimentar os garotos e
tudo mais, deixando-me ainda mais orgulhosa. Ali, eles eram as
celebridades. E eu me sentia importante por tê-los por perto.
Após
alguns instantes, sem nem mesmo pedir, simplesmente puxei Fernando pela
mão, levando-o em direção à pista de dança. Ele me seguia aos tropeços,
mas sem reclamar uma vez se quer. Penso que ele talvez visse que eu
sentia falta de dançar. Sem meu par rotineiro, Benjamin, fazia séculos
que eu não dançava. E dançar e ficar com Fernando empatavam para ver
quem era o mais importante.
Roll Over Beethoven invadiu meus
ouvidos, me deixando ainda mais animada. Não sabia se Fernando me
acompanharia, então não faria passos complexos. Só queria meu corpo
junto ao dele movendo em uma sincronia só nossa.
Passei meus braços
em sua nuca, fazendo questão de entrelaçar os dedos em seus cabelos
sedosos. Suas mãos abraçaram minha cintura e me levaram para mais perto
de seu corpo, acabando com qualquer possibilidade de espaço entre nós.
Balançávamos-nos lentamente, apesar da musica ser bastante agitada. Não
queríamos arrasar na pista, queríamos apenas curtir a presença um do
outro, sentir os arrepios que nossos corpos davam ao se chocarem, e a
incrível sensação de estarmos juntos. Eu sorria bobamente, eu tinha
certeza. Não me importava o quão patética eu poderia parecer, ele me
fazia sentir assim... Patética. Alucinada. E o principal: Feliz.
Fernando
possuía o mesmo sorriso alheio e um brilho nos olhos que me contagiava.
Eu não cansava de admirar sua beleza. Era algo de outro mundo. Aqueles
olhos me alucinavam, aquela boca perfeita, seus cílios pequenininhos,
sua sobrancelha fina, suas bochechas levemente rosadas, e seu nariz tão
bem moldado. Ah, como eu amava aquele nariz.
Não me contive e juntei
nossos narizes, roçando-os suavemente. O sorriso aumentou nos lábios do
garoto, permitindo-me analisar seus dentes tão brancos. Fernando então
movimentou sua cabeça um pouco mais para frente, de modo que nossos
lábios se tocassem. Ficamos daquele jeito por um longo período, apenas
com as bocas encostadas, sem nos movermos. Eu sentia sua respiração
misturar com a minha, seus olhos estavam tão perto que quase se tornavam
um só. Em um impulso, mordi seu lábio inferior levemente, fazendo-o
suspirar.
Minhas mãos estavam presas em seus cabelos e, vez ou
outra, moviam-se para fazer um carinho de leve. Nossos corpos ainda se
moviam como se fossem um só, e eu não era mais capaz de decifrar qual
música saía da jukebox. Com Fernando, eu perdia noção de tempo e espaço.
Parecia-me completamente normal.
Colei nossas bocas novamente e,
dessa vez, pedi passagem aos seus lábios para que nossas línguas se
encontrassem. Elas se moviam lentamente, mal poderiam os outros perceber
que estávamos nos beijando. Era tudo tão intenso e calmo ao mesmo
tempo, o que me deixava totalmente confusa. Meus sentimentos com
Fernando poderiam ser totalmente antônimos às vezes. Como isso era
possível?
*Desculpa a demora gente, mais é que tava ocupada demais
esses últimos dias, mais agora que as provas acabaram vou escrever mais,
já comecei a escrever outra também."
Continua...
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