quarta-feira, 1 de maio de 2013

Web Um Estranho Em Minha Vida

                                 Capítulo 4

     
                                                 Anjo

“Baby, eu posso ver sua áureola
você sabe que é minha graça salvadora
Você é tudo que eu preciso”

E agora?! A garota desmaiou!
“Quem disse que ela desmaiou? Pode ter morrido!” diz a minha querida vozinha irritante
Ela não morreu!
“você é médico por acaso?”
Bufo e resolvo ignorar minha voz interior
“sua consciência” corrigiu a mesma
Pego a garota nos braços, entro na casa com ela e sigo ate onde acho que é a sala, coloco-a no sofá. Mais um trovão ilumina o céu e consequentemente a sala também e assim consigo ver o rosto da garota a minha frente. Ela parece um anjo!
Sento no sofá defronte e fico observando-a. Por muito tempo.
 

(...)
 

Acordei com latidos. Olhei ao redor assustado e vi que eu acabara adormecendo no sofá, sentei e vi que a garota loira não estava mais no sofá defronte e que havia uma bola de pelos brancos pulando e latindo na minha frente
-shiiii! Calma garoto!- sussurrei e me inclinei no sofá a fim de pega-lo- vem cá!- falei chamando o cachorro que ainda latia como um louco
-Pichí! Isso é jeito de tratar as visitas?- pergunta uma voz de garota que vem de trás de mim.
Viro-me e arregalo os olhos diante do que vejo. Se antes eu achava que ela parecia um anjo, agora eu tinha certeza!
A garota era alta, com lindos olhos castanhos e seus cabelos loiros caiam lisos sobre os ombros desnudos pelo vestido de algodão branco que usava, seus lábios rosados se abriam em um sorriso incrível.
Meu Deus! Ela é linda!
-desculpe, ele não esta acostumado com estranhos- ela fala sorrindo pra mim enquanto pega a bola de pelos, Pichí, no colo.
-tudo bem- falo ainda encantado por sua beleza
-esta com fome?- ela pergunta sorrindo
-um pouco- falo, mas na verdade estou morrendo de fome
-vem- ela fala e eu a sigo ate uma cozinha grande toda em madeira rústica com fogão a lenha. A garota me indica uma cadeira na mesa e coloca comida numa tigela pra Pichí enquanto eu me acomodo na mesa
-sabe, eu não tenho companhia a um bom tempo-ela fala se virando pra mim e sorrindo
Só eu maliciei isso? Sim? Vou me tratar!
-você não tem família?- pergunto enquanto ela coloca café em uma xícara e me oferece- obrigado- falo aceitando a xícara
-por nada-ela sorri novamente- na verdade tenho família, mas eles estão muito longe
-isso não é a melhor coisa de se dizer a um estranho- observo tomando um gole de café e fico maravilhado com o som delicado que sai de seus lábios quando ela ri
-sei quem você é- ela fala e eu fico surpreso
“por que esta surpreso seu idiota? Você é famoso! É claro que ela sabe quem você é!” diz gentilmente (sintam a ironia) minha consciência
-ah, claro!- falo, pois por um momento eu havia esquecido tudo, mas agora eu voltei à realidade. A realidade onde eu sou famoso. A realidade onde eu vou morrer.
Sinto minha garganta se fechar ao lembrar da doença.
- você esta bem?-pergunta a garota preocupada
-estou é...- e só então percebo que não sei o nome dela
-Lua. Lua Blanco- ela fala e estende a mão pra que eu aperte. Um arrepio delicioso percorre a minha coluna quando sua pele toca na minha
-prazer Lua sou Fernando Roncato, mas isso você já sabe!- digo tentando dar um sorriso
-Fernando sem querer ser intrometida, mas já sendo- ela começa hesitante- o que você fazia batendo na minha porta às três da manhã?
-eu primeiramente peço desculpas pela hora- começo
-tudo bem- ela me interrompe e sorri me fazendo sorrir de volta
-e eu bati na sua porta por que meu carro quebrou aqui perto e eu vim pedir ajuda- termino a explicação
-e o que você fazia por essas bandas de madrugada?
- eu... Precisava pensar- falo para o garfo, pois não consigo olhar pra ela
-pensar? Pensar em que?- ela faz as perguntas que eu mais temia
- é que aconteceram algumas coisas- falo ainda encarando o garfo
-quer falar sobre isso?- ela pergunta e ergo meu olhar de encontro ao seu e sinto que não posso mentir diante de seus olhos castanhos cheios de preocupação
Como eu vou falar? Eu vou visitar São Pedro mais cedo? Não isso é ridículo!
-eu... Eu não sei como falar isso- digo angustiado
-olha se não quiser contar tudo bem- ela fala acariciando minha mão que estava em cima da mesa
-obrigado- falo sinceramente segurando sua mão.
Ficamos em silencio por um bom tempo ainda de mãos dadas
-você disse que sua família estava longe, onde estão?- pergunto retornando ao assunto inicial
-estão em Doncaster- Lua fala bebericando um pouco de chá
-então não é daqui?- pergunto comendo um pedaço de bolo de cenoura com calda de chocolate- a propósito isso esta incrível- falo de boca cheia indicando o bolo e ela ri agradecendo
-não sou daqui, vim pra cá em busca de inspiração- ela fala- essa casa era do meu avô. Tenho boas lembranças daqui- ela diz olhando sonhadoramente pela cozinha
-inspiração?- pergunto sem entender
- sim, pra minha nova exposição
-você pinta?- pergunto e ela confirma com a cabeça
-quer conhecer meu estúdio?- ela pergunta e eu aceno em concordância- vamos!- ela levanta e me guia pela casa ate um aposento iluminado.
-nossa!- exclamo encantado diante do lugar
-gostou?
-muito! Sempre quis conhecer o estúdio de um artista!- falo e ela cora- posso ver suas pinturas?- pergunto entusiasmado
-eu não tenho pintado muito nos últimos dias, pelos menos nada que mereça ser visto- ela fala fazendo uma careta
-não acredito! Tenho certeza que suas telas são maravilhosas!
-eu não teria tanta certeza se fosse você Fernando!- ela diz
-por favor!- peço com cara de cachorrinho que caiu da mudança
-tudo bem- ela suspira e me conduz ate o meio do salão onde há um cavalete coberto por um pano branco- ainda não esta terminado- ela avisa antes de puxar o pano expondo o começo do que seria uma linda paisagem quando estivesse terminado, por enquanto só mostrava uma campina a beira de um lago
-é lindo- falo
- que bom que gostou- ela fala sorrindo e me sinto mal de não ter contado pra ela da minha doença
-Lua - chamo baixinho e estou resolvido a contar, pois já que preciso desabafar, por que não pode ser com ela?
-sim?- ela me encara com seus belíssimos olhos castanhos!
- eu vou morrer!



Continua...

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